E se toda nossa consciência fosse armazenada não em um espaço físico amplo, mas no menor dos espaços concebíveis, em partículas subatômicas que se movimentam entre o visível e o insondável? Até agora, não sabemos ao certo onde ela reside ou como se origina. Talvez esteja lá, no nível quântico, em dimensões onde a ciência apenas começa a engatinhar e onde os olhos humanos ainda não podem alcançar.
No plano quântico, sabemos que a observação altera os eventos. Mas será que essa observação precisa ser consciente, ou basta o simples ato de interação para moldar os caminhos do universo? E se, de alguma forma, nossas vontades e aspirações direcionassem não a realidade objetiva, mas o modo como ela se revela para nós? Não seria a realidade, então, um reflexo do nosso olhar?
Há quem diga que vivemos em diferentes realidades. Não como metáfora, mas literalmente. Cada percepção cria um universo próprio, uma trama singular de significados. Essas realidades só se encontram quando olhares coincidem, quando consciências se conectam em um mesmo espaço-tempo. O que somos, afinal, quando ninguém nos observa? Quem nos torna reais, senão aqueles que nos veem?
Há algo de divino nessa multiplicidade. Assim como no Hinduísmo, onde uma única força se desdobra em formas incontáveis, cada um de nós cria, em seu íntimo, o reflexo do que considera sagrado. Cada consciência é um templo, cada observação, um ato de adoração. E juntos, mesmo distintos, somos parte de algo maior, um entrelaçamento de realidades que, por um breve instante, se torna uno.
Mas e quando estamos sozinhos, perdidos no silêncio de nossas mentes? Quando não há ninguém a nos definir com seus olhos? Talvez, nesse momento, sejamos livres para existir em todas as possibilidades, em todas as realidades, como partículas que dançam entre estados. E, paradoxalmente, talvez seja essa liberdade o nosso verdadeiro lar.
Assim, enquanto caminhamos nesse mundo quântico de incertezas, resta-nos a beleza de saber que a consciência — nossa e alheia — é o fio que costura o real. Não criamos o universo, mas o interpretamos, e, ao fazê-lo, deixamos nele as marcas do que somos e do que sonhamos ser.