As Areias de Talia

Horas incontáveis,

Um jeito que invade 

o querer tem um preço, mas traz liberdade.

Se teus lábios se abrem num sorriso a brilhar,

horas incontáveis,

Em ti, vou me entregar.

Disseram que isso nunca muda

Mesmo mantendo madura muitas mudanças, mentiria mantendo me mudo.

Mostro mesmo minhas maneiras. 

Menciono, merecer mais minutos meus, melhores(mandatório), maneiros, marcantes.

Mais música,  menos "mails"

Minuciosamente manejo mudar.

Me movimento. 

Amor em Roma

Admiro a sua beleza
Me enfeitiça
O cheiro me cativa
Raro compatível 

Riso imbatível 
O puro sexo ativa
Me atiça
A toda nossa certeza

Meus olhos na exata altura da fechadura.

A uma de minhas perguntas, a psicóloga respondeu: "Exponho minhas imagens. Visite. Tudo por lá, dirá muito sobre mim."

Em sua exposição haviam diversas amplas salas com centenas de imagens, algumas continham milhares de imagens.

Na entrada de cada sala, uma tela com apenas uma palavra pintada, letras pequenas em relação ao tamanho da tela, percebi que distintas proporções atraiam seu gosto, assim como atraiam o meu.

As palavras, em cada uma das telas (em algumas a tinta ainda escorria), faziam menção ao conteúdo ali exposto.

Não tive dúvida de que sala visitar, a que estava escrito: "Eu"

Mas a porta estava fechada, havia um pequeno banco, que se posicionado em frete a porta, colocaria meus olhos na exata altura da fechadura. Descobri como entrar: olhei pela fechadura. Nesse momento, visão e mente se expandiram e o tempo...passou. Acredito ter ficado por ali uns 3 ou 4 dias. Visitei diversos assuntos. Impossível descrever o que ví.

Me lembro que, durante o tempo que por ali estive, escutei uma voz: "Obrigada, era essa mesmo que gostaria que você visse."

Ali estava parte da resposta que a fiz. Achei fascinante essa maneira de querer que eu soubesse mais sobre ela.

Passei a admirar. Quero a conhecer, abrir seu diário através de seus lindos olhos.

Engraçado como, as vezes, nem são necessárias muitas palavras e nem tempo para despertar algo que nem sabemos o que é.

Bastam alguns encontros, olhares profundos, afinidades desconhecidas e de minha parte, admiração pelas formas e, depois da visita a exposição, ao conteúdo.

A Loucura é Lúcida

A loucura lúcida se caracteriza exatamente pela descaracterização do compromisso social, que é o elo sustentador dessa sociedade sem um propósito adequado às capacidades que temos de estarmos plenos, em todo e qualquer que seja o âmbito.

A humanidade não me representa

Esse ainda não será o fim da humanidade. Mas, sem dúvidas esse momento chegará, é apenas uma questão de tempo, ela já está extinta, isto se dará em algum momento no futuro, Stephen Hawkings era um dos defensores desta teoria que vai se tornando prática a cada dia que passa. 

A física quântica, indica que passado, presente e futuro ocorrem ao mesmo tempo.
Por tanto, esta idéia sobre fim, recomeços e momentos atuais, tudo está a ocorrer simultaneamente, colocando tudo em uma cesta de conteúdo atemporal, tudo se torna atemporal. E o infinito, já parou pra pensar sobre como tudo que não há por lá se comporta? 

Quanto ao que conhecemos como atual, percebo o Planeta Terra soberano no controle de quem o habita e não o contrário. A passagem da humanidade será uma cicatriz invisel na história da terra


E nós, como indivíduos, achamos que somos importantes em relação ao nosso todo, aquele todo próximo a nós. Que presunção sem cabimento. Vivam e testemunhem, em nosso último suspiro a mediocridade da capacidade humana em relação ao tempo do universo

Fica aqui um dos meus eternos mergulhos do pensamento sobre o que é a vida na terra frente o tamanho do nosso desconhecimento. 

Se percebes a amargura, isto que percebes é a constatação da presunção humana e sua mediocridade em relação ao todo.

E, faço questão de deixar claro e registrado que a humanidade não me representa, tento a entender, apenas.


A consciência no plano quântico

E se toda nossa consciência fosse armazenada não em um espaço físico amplo, mas no menor dos espaços concebíveis, em partículas subatômicas que se movimentam entre o visível e o insondável? Até agora, não sabemos ao certo onde ela reside ou como se origina. Talvez esteja lá, no nível quântico, em dimensões onde a ciência apenas começa a engatinhar e onde os olhos humanos ainda não podem alcançar.

No plano quântico, sabemos que a observação altera os eventos. Mas será que essa observação precisa ser consciente, ou basta o simples ato de interação para moldar os caminhos do universo? E se, de alguma forma, nossas vontades e aspirações direcionassem não a realidade objetiva, mas o modo como ela se revela para nós? Não seria a realidade, então, um reflexo do nosso olhar?

Há quem diga que vivemos em diferentes realidades. Não como metáfora, mas literalmente. Cada percepção cria um universo próprio, uma trama singular de significados. Essas realidades só se encontram quando olhares coincidem, quando consciências se conectam em um mesmo espaço-tempo. O que somos, afinal, quando ninguém nos observa? Quem nos torna reais, senão aqueles que nos veem?

Há algo de divino nessa multiplicidade. Assim como no Hinduísmo, onde uma única força se desdobra em formas incontáveis, cada um de nós cria, em seu íntimo, o reflexo do que considera sagrado. Cada consciência é um templo, cada observação, um ato de adoração. E juntos, mesmo distintos, somos parte de algo maior, um entrelaçamento de realidades que, por um breve instante, se torna uno.

Mas e quando estamos sozinhos, perdidos no silêncio de nossas mentes? Quando não há ninguém a nos definir com seus olhos? Talvez, nesse momento, sejamos livres para existir em todas as possibilidades, em todas as realidades, como partículas que dançam entre estados. E, paradoxalmente, talvez seja essa liberdade o nosso verdadeiro lar.

Assim, enquanto caminhamos nesse mundo quântico de incertezas, resta-nos a beleza de saber que a consciência — nossa e alheia — é o fio que costura o real. Não criamos o universo, mas o interpretamos, e, ao fazê-lo, deixamos nele as marcas do que somos e do que sonhamos ser.

A conquista do espaço em seus pensamentos.

Semeio minhas idéias no campo do conhecimento, este não é um processo rápido e nem fácil, mas por algum motivo o sei fazer naturalmente.

Não sei a medida de tempo que fará com que este campo esteja repleto de vida.

E tão pouco sei se, colherás e partilharás estes tais frutos.

Mas o que não tenho dúvidas, é que o campo estará, um dia, no exato ponto da colheita.

A Lenda de Sofia

Há alguns dias, quando andava por uma das praias, desta minha atual jornada, achei um cristal bruto. Estava nas ruínas do que parece ter sido um Farol construído num pequeno vilarejo.

Eu estava cansado, pela muito longa caminhada, o sol já estava a se por e, neste dia, comecei a caminhar minutos após ele ter nascido. Já era primavera, quase verão e os dias já estavam muito longos.
Acredito ter andando a uns 4 talvez 5 kilometros por hora. Se não tiver perdido as contas já me afastei uns 40km desde meu ponto de partida desta manhã. Se continuar a andar neste ritmo, darei a volta ao mundo em pouco menos de dois anos e meio.

Já estava na hora de parar, sentei em uma toalha. Prendi as quatro pontas com itens que trazia comigo: meu par de tênis, um livro de receitas e histórias e o Cristal que acabara de achar.

Coloquei coisas para comer na toalha e me alimentei. Foi a quarta refeição do dia, um hábito que, desde minha adolescência, mantenho a praticar: comer bem.

Ao estar saciado, me sentia bem e em algum momento, lembro da luz do sol, ela atravessava o cristal, se tornava colorida e vinha diretamente em direção aos meus olhos. Adormeci e sonhei:

"Estava exatamente onde se encontrava o Farol Hopper. O farol fora construído pelo esforço de um grupo de pessoas que deu nome a esta construção, era uma família, eram eles os Hopper.

Construído, não para seu comum propósito (sinalizar as embarcações a presença de terra e guiar navegantes) mas sim, para que sua luz fosse vista, todas as noites das janelas, de um castelo tão distante em meio ao Mar do Norte.

Em uma destas janelas, encontrava-se, em sua cela, a filha mais velha das irmãs Hopper, uma jovem aprisionada pelo simples fato de ser feliz em uma terra onde a felicidade era severamente punida.

Como sentença pelo crime de ser feliz, Sofia foi banida de sua terra natal e aprisionada numa das celas deste castelo. Sofia, esse era seu nome.

Após muitos anos de aprisionamento, S.Hopper se afastou tanto da realidade que em sua mente se tornou completamente livre, passou a viver num profundo estado meditativo e sua mente já não dependia mais do seu corpo.

Ela aprendeu a se comunicar com animais, interpretava os sinais da natureza, recebia notícias dos quatro cantos através dos sons dos mares, era capaz de prever o futuro e conhecer o passado apenas observando o céu e suas estrelas: e a isto, especificamente, dedicava a maior parte do tempo.
Em seu trigésimo quinto ano conseguiu mapear o universo, e foi exatamente num dos dias deste ano que sua mente se expandiu completamente.

Passou a se comunicar com uma inteligencia superior, se conectaram.

Após longo período de tempo, a estar em contato com este ser, foi lhe oferecida a oportunidade de ter sua consciência retirada dali e transportada para uma outra dimensão. Para um lugar onde tudo faria mais sentido. Seria a experiência mais completa de sua existência, foi o que ela sentiu portanto, aceitou.

Mas antes de partir deixou toda sua história registrada em forma de energia em um cristal."

Ao despertar, saquei meu lápis e meu bloco de desenhos, reproduzi exatamente o Farol com que sonhei. Meus sonhos, desde que me lembro deles, desde muito novo, sempre foram surreais e disso eu gosto.

O Nada Necessário.

Nada do que foi construído, desde sempre, é o que seria verdadeiramente necessário.

A mente voa com os pés no chão.

Enquanto houver tempo a frente
quase tudo que almejas
poderá ser realizado.
E se conseguires
chegar próximo de alcançar
tudo aquilo que gostarias,
esta, sim, será uma demonstração
de que todos os seus anseios eram
compatíveis à sua realidade.
Estará aí, a contastação
de que sua mente pode voar
mas seus pés continuaram no chão.

Este foi o erro.

Eu era uma peça. Fui produzida por uma necessidade. Muito rápido me encaixaram na posição correta, onde a máquina funcionaria sem novas interrupções. 

Mas os engenheiros, os responsáveis pela minha concepção, por estarem pressionados com o meu prazo de instalação no maquinário, não checaram se haviam imperfeições internas. 

E este foi o erro. 

Por muito, ali estar, executando a mesma função, em turnos rotineiros, as imperfeições internas modificaram minha estrutura externa.

Minhas ranhuras, que deveriam se encaixar nas engrenagens daquele complexo sistema, não mais estavam perfeitas.

Essa é a história da minha trajetória: peça moldada por uma necessidade, inserida sem muitas opções de escolha e modificada pelas rotina de repetições.

Aceito tudo

Ao calar do dever
o início do discurso
proporcionado pelo ócio.
Aprecio o que é fundamental
e aceito tudo
que se faz necessário.

Olhando as montanhas.

Eu queria ir para o Tibet.

Ficar lá e aprender tudo que se pode aprender.

Depois ir para o Cazaquistão, e ficar só olhando as montanhas até entender o comportamento dos ventos que por lá sopram.

E seguir em direção da fronteira do Marrocos e me juntar ao mercado e as suas práticas de barganhas.

Se fosse possível, passar algumas semanas no locais mais austrais, para poder presenciar dias sem luz, o sol da meia noite e auroras boreais.

E quando não me faltassem mais assuntos, procurar as mais eloquentes sociedades e prestar muita atenção apenas no que não é dito.

A tradição do mensageiro.

Reuniu os conselheiros do Reinado nômade e escutou seus argumentos. Não havia saída. Precisava ir atrás de uma idéia antiga. Foi avisado que, os que ficassem poderiam, facilmente, se esquecerem dele. Procurariam substituir sua ausência e isto, para ele, significava perder, o que considerava ser sua única riqueza, pois nada além disto o prendia.

O tempo se passa e a jornada o afasta. Mas por ocasiões, mantinha notícias de seus novos dias, em outros domínios, através de seu único mensageiro.

E neste dia, o de hoje, seu mensageiro, trouxe novas notícias. A mensagem era consequência de sua decisão, tinha plena consciência disso. Portanto, entende.

Se recordou do que havia conquistado, e sente o peso da perda. Lamenta. Se entristece. Mas sua mente precisa o ajudar. Transformará isso em mais um incentivo, outro empurrão, para continuar a sua jornada e conseqüente expansão de sua mente e de seus territórios.

Antes do mensageiro partir, pediu para que o mesmo relatasse a história da conquista de seu próprio reino. Todo o seu passado, tinha tudo em sua mente, contudo, gostaria de relembrar, em detalhes, pelas palavras do mensageiro, tudo que havia vivido. Quer rever toda a sua história...pois ela o faz se sentir bem: ela sempre o fez se sentir muito bem.

Não entregou e não mais entregará ao mensageiro seus relatos. Na despedida, nem o mensageiro, nem ele se falam, e assim sendo, por tradição, nunca mais irão se encontrar.

Sonhando Acordado

Há 22 dias.

E não me lembro de ter sonhado.

Acho que cessaram os pensamentos enquanto durmo.

Parece-me que todos eles estão querendo fazer parte do meu dia.

E por estarem, o dia inteiro, muito ativos, estão aproveitando para descansar junto comigo.

Mas estes pensamentos, especificamente os que durante o sono surgem, não se manifestam durante o dia.

Nesse caso, tenho a explicação do porque ando tanto a pensar:

Resolveram, todos, de dia, se mostrar.

A nova visão.

Mal abriu os olhos para a nova visão proporcionada, pela abertura de uma rachadura no que considerava tempo, que não teve certeza de estar escutando o som do que se consegue pensar com o coração.

O eminente toque do aviso de partida.

Não quero me perder na minha própria realidade. Provavelmente seria um caminho sem volta. Não haveria retorno.
Talvez se alguém me trouxesse de volta, estaria por aqui novamente.
Mas quem conseguiria refazer todo o trajeto até o ponto de me encontrar? E mesmo que isso fosse possível, seria necessário percorrer o mesmo caminho em velocidade superior a minha, pois do contrário nunca me alcançaria.
Afinal, seguirei em frente no mesmo ritmo. Por vezes mais lento, ao me sentir confortável, e em outras mais rápido, por sentir o eminente toque do aviso de partida.
Siga meu caminho em velocidade superior a minha e terás a chance de, também, nunca mais retornar e, inclusive, de passar por mim sem me notar.
Ocorreria de estarmos sem, qualquer que seja, a capacidade de fixar a idéia no caminho de volta.

Aqui temos uma breve história.

Experimente assim que acordar de um sonho, anotar o que se lembra dele. Isto é um exercício. Exercício este, passado pela minha irmã. A sua terapeuta o utilizava para enriquecer as sessões entre as duas. 

Nas sessões,os sonhos, transcritos, eram interpretados. Tenho certeza que se esta terapeuta tivesse lido meus sonhos, de um tempo atrás, não muito distante, ela teria material para uma enciclopédia surreal.  

Pois bem, acabei de despertar e vou escrever o que me lembro do sonho que há pouco tive. Escreverei aqui, direto, sem intermédio de um rascunho. 

O mais interessante é que a medida que você escreve, mais lembranças surgem. E a medida que pratica isso, durante as noites que desperta, com os sonhos prontos para virarem textos, naturalmente vai treinando a memória a fornecer mais detalhes dos sonhos. E muito em breve conseguirá, durante o sonho, se recordar de não esquecer certa parte, pois será importante ao posterior relato. 

Aqui temos uma breve história, acabo de sonhar com uma mulher, estava toda serelepe e sorria como uma criança. Ria, na verdade. Estava muito feliz e não demonstrava nenhuma preocupação. Namorava um cara de sua idade, jovem e gostava muito dele: percebia no olhar. Era uma relação pura, a dos dois. Fiquei com ciúmes (ainda não tenho maturidade para muitas coisas) mas compreendi como aquilo era bom para eles. Percebi através das atitudes, com ele, como se gostavam. Os olhares estavam radiantes. Só me aproximei uma vez, estava a observar de uma certa distância, quando sujei a perna com algo. Ela veio, por algum motivo, me ajudar a limpar, nesse único momento, o namorado ficou muito triste. 


Este foi o sonho. Eu era um observador de meu sonho. Acreditem, todos os sentimentos, deste sonho, foram transmitidos através dos olhos. Apenas os meus que não, eu os sentia.


Reinado de um único súdito

Seus territórios se expandiram de forma avassaladora. 
De tal forma que, nem ele, o rei, poderia ter planejado. 
Não conquistava através de nenhum ato violento nem tão pouco destruídor.
A expansão de seus domínios se dava de forma consensual. 
Ganhava espaço pela demonstração de suas intenções. E atos de pura sabedoria. 

Era também, seu único e fiel súdito. 

Sua Rainha, a mais linda, outrora princesa, parece ser a maior responsável pela expansão de seus domínios. 
De uma clareza, inteligência e elegância, raras. 
Ao chegar, ao reinado de um único súdito,  trouxe consigo diversas experiências vindas de outras terras e momentos.

Você está no mesmo lugar.

Em grande parte dos últimos meses passei a me dedicar ao nada. Já se dedicaram ao nada? Vale a pena. O tempo passa e você está no mesmo lugar. É como se fosse uma viagem no tempo, você se movimenta e termina no mesmo momento. Mas a mente muda.

O Estivador.

Cruzando uma ponte, avistei o tempo. Reparei que parecia um estivador, que a todo ritmo está a descarregar mais um navio que chega ao porto. Basta observar, ficar olhando. Preste realmente atenção.
Sentei no exato ponto médio entre o navio e o depósito onde o estivador deposita todas as coisas  que deve reconhecer, carregar e armazenar. Hoje, o observo de cima, imune a suas ações.
Aproveite o momento, e observe-o comigo.
Enquanto observamos, não sabemos qual próxima coisa ele trará. A medida que vemos, nos acostumamos com aquilo, quando muito próximo sentimos que somos parte daquilo e quando se afasta, sentimos que algo se foi. O tempo carrega tantas coisas consigo. O tempo modifica.

O acampamento a uma longa distância.

Vem, vamos andar um pouco. Me dê sua mão. Confie em mim. Cuidarei de você. E assim que a primeira rocha aparecer no caminho, irei escalar, pois sei como fazer, e te darei a mão, lá de cima, para que possas subir.

E assim continuaremos até o primeiro caudaloso rio. Nade, por favor, e leve a corda até a outra margem, para que eu possa, também, atravessar. Você sabe nadar muito melhor do que eu.

Sim, acho que tens razão, vamos andar mais. Tome minha mão.

Que lugares lindos estamos visitando. A sensação de liberdade quando compartilhada é incrível.

Agora que vemos o acampamento a uma longa distância, um de nós decidiu seguir por uma trilha diferente. No entanto apenas um de nós vai se perder tentando se encontrar.

Um irá sem dúvida alcançar o que avistou, mesmo que de muito longe. O outro, ao que parece, nunca reaparecerá.

Não vai adiantar berrar.

Como é bom se apaixonar
Só atenção ao se empenhar
Afinal você não quer se machucar
Por a alguém se dedicar

Saiba que ao se entregar
Sem pestanejar
Mesmo sem cogitar
Pode vir a se enganar

E quando o momento chegar
Aquele em que a verdade a tona alcançar
Não vai adiantar berrar
Muito menos chorar

Nem pense em ficar
Trate de se movimentar
Não é momento de teimar
E sim de aceitar

No entanto terás de esperar
Sua mente se acalmar
O coração não mais falar
E todas feridas fechar

Mas isso só o tempo pode tratar
Ele sabe como tudo amenizar
Àqueles sentimentos irá abandonar
Para que possas tudo recomeçar

Ao se recuperar
Naturalmente irás querer reecontrar
Alguém em que possa confiar
Com a plena certeza de como é bom se apaixonar

Última bifurcação.

Chegou o dia, as sirenes de aviso tocaram e desta vez não é nenhum treinamento. Tudo que aprendeu, deverá, neste momento, ser utilizado.

Saia correndo o mais rápido que puder. Não se preocupe em pegar nada que possua. Poucas destas coisas servirão enquanto estiver em seu mais rigoroso e veloz ritmo.

Somente olhe para trás para se certificar que escolheu o lado certo ao passar pela última bifurcação de seu caminho.

Quanto todas as coisas que deixou para trás, já te serviram um dia e estarão sempre contigo pois deixaram suas impressões, suas marcas. Elas atenderam a um antigo propósito... cumpriram seus papéis.

Chegarás, talvez, exausto mas a tempo de encontrar as portas abertas. Entre. Tenho certeza que, a partir do momento que elas se fecharem, a viagem será confortável e reconfortante.

Portanto, corra.

As inscrições poéticas e a vontade de reviver os melhores momentos da minha vida.

Sem querer, hoje, ao arrumar um dos armários do apartamento que alugo em Ipanema, encontrei um dispositivo, do tamanho aproximado de uma caixa de sapatos (inclusive, não me recordo de ter visto uma caixa de sapatos nestes últimos longos meses). Parece ter sido produzido há uns 50, 60 anos. Na parte superior o texto: ‘Zeitmaschine’.
Após uma rápida consulta em um tradutor on-line, aprendi que ‘Zeitmaschine’ significa Máquina do Tempo. Acredito ter encontrado uma máquina do tempo se é que isso é possível.
Era uma máquina simples. Duas inscrições laterais, 1 botão vermelho, circular, com a inscrição ‘Gehen’ (ir, em português) e um “dial”, onde era possível selecionar qualquer data e hora entre o ano de 1945 e o ano de 2145. Um período de 200 anos. 
Havia uma folha, escrita a mão em frente e verso, com o título:’Benutzerhandbuch’ (manual de utilização, em português).
Novamente consultei o tradutor on-line e dessa vez longos minutos se foram até que eu conseguisse traduzir todo o manual. O manual dizia:
“Selecione a data que deseja viajar.  Apenas aconselhamos fechar os olhos no momento de apertar o botão ‘Ir’. Ao ativar este botão será impossível reverter o processo de envio de sua consciência para a data escolhida. A única e principal regra é: sua atual consciência será enviada, com segurança, para os períodos de tempo em que você se encontra vivo, ou seja, onde você exista. Portanto a viagem no tempo para o passado é a mais segura. Acreditamos que visitar algum ponto no espaço-tempo onde você ainda não exista ou deixou de existir, poderá aniquilar sua atual existência. Se esta máquina for utilizada, você nunca mais a verá, pois ela também viajará no tempo.”
Eram suficientes instruções para explicar perfeitamente a utilização. Mas insuficientes para encorajar a utilização. E se eu apertasse o botão e realmente alguém tivesse inventado uma máquina do tempo? A pretenciosa invenção me proporcionaria transitar no tempo, em qualquer ponto, num espaço de 200 anos? 
As inscrições nas laterais reforçavam, poeticamente, a única e principal regra descrita no manual de utilização.
Na lateral direita da máquina:
“Não tenhas receio do passado revisitar
pois por lá sua história irás reencontrar”
Na lateral esquerda da máquina:
“Se é o futuro que desejas alcançar
o melhor conselho é viver e esperar”
Tomei coragem, decidi utilizar a máquina.
E apesar de estar vivendo em um momento que gostaria que passasse muito rápido, as inscrições poéticas e a vontade de reviver os melhores momentos da minha vida (mesmo sabendo que reencontraria, também, muitos maus momentos) me fizeram escolher por uma data passada específica.
Tomei um bom banho, daqueles longos e quentes, me sentei em minha cama e escolhi a data e a hora… 21/04/1977 as 11:31 da manhã: um minuto após meu nascimento…fechei os olhos e apertei o botão.

Sua consciência o deixará.

Não houve tempo suficiente para tudo que gostaria de viver, nem mesmo houve tempo da terra completar meia volta ao redor do sol, faltou muito pouco.
Parece que Bill vai deixar de existir.
Quando Bill consegue perceber que sua existência realmente chegará ao fim, uma sucessão de momentos, em forma de lembranças, vem a sua mente e é melhor ele lembrar rápido, pois em breve sua consciência o deixará.
Bill não quer aceitar este momento de partida.
Mas esse momento quem decide não é ele, chegou seu dia. Ele lutará para sobreviver. Mas a medida que o tempo passa, começa a aceitar o que parece inevitável. Ele entende que tudo um dia chega ao fim e aos poucos irá se conformar, enquanto sente toda dor presente no espaço de tempo entre a consciência do fim e o exato momento final.
Mas há algo que possa ser feito por Bill, sim: fazer com que sua existência, embora curta, seja eternizada através da manutenção da memória dos momentos proporcionados por ele aos que o conheceram. Tendo isso em sua consciência, Bill entende que poderá ser eterno em pensamento e isso de certa forma o ajuda e o conforta.
Bill nesse momento põe seu chapéu e espera pelo que virá.

Tudo Tem T

Tá Tudo Tendo Tamanha Temporalidade
Tão Tranquilo Tentando Te Ter
Tenho Tempo Tratando Tantas Tardes Tuas
Tô Tramando Te Trazer
Tu Tens Tempo? Tentarias?
Te Tendo Transformo Teorias
Tombo Tabus
Transpasso Tempo
Transcedo Tudo

Devolva meu tempo.

Proporei a devolução de algumas das horas que já vivemos.São de tanta serventia que precisamos destas horas de volta.Pois este é, sem dúvida, o recurso mais escasso entre todos.
Quero de volta todo o tempo que foi realmente inútil. Com a minha ajuda posso parar, um dia, e listar as horas que quero de volta. Acho que não vai ser difícil organizar as idéias a ponto de conseguir relembrar as horas que quero de volta.
Esta quantidade de horas que receberei, como reembolso pela inutilidade que proporcionaram, virão em forma de crédito de horas a serem utilizadas somente com coisas que realmente forem úteis, portanto, devolva o meu tempo inútil enquanto há tempo.
Isto posto e a partir deste momento, passarei a não usar as horas dos momentos que viriam a ser inúteis.  Todo o tempo que valeria a pena inutilizar, daqui pra frente, não existirá. Portanto, a partir do fim deste pensamento transcrito, a idéia da devolução do tempo inútil fará parte do passado.

Incontestável

“A manhã iniciou…de forma tranquila.
O Phone despertou. Havia algo.
As coisas estavam funcionando e isso é incontestável: foi em outra vida.
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Ainda há lembranças da pequena mesa e da cor do armário.Estar livre ali expandia sua existência.Nesses lugares a natureza cuida de aproximar mais uma peça.A grandeza confere, de certa forma, aconchego que apazigua.”

Algo relacionado às aparências.

Houve uma pergunta direta, dirigida aos sentimentos. Algo relacionado às aparências. Se já não estava na hora de isso ter fim, se já não estava bom. Mas isso quem decide?
Foi inesperado, pegou de surpresa. Mas assim que é bom. Porque aí a resposta, por falta de tempo hábil para ser manipulada, vem sincera.
Por aparência? Não.
Por interesse, talvez: aproveitar enquanto ainda é bom não deixa de ser interesse. Me interesso em ser feliz.

Da percepção da velocidade do tempo.

Querem me convencer a não largar o pouco que consigo ganhar e não sair para ver o que quero ver. Confesso que causa uma certa tentação. Mas o tempo não para e as viagens sempre me fazem muito bem.
Assim como os grãos de areia em uma ampulheta, são os momentos de nossas vidas.
Há momentos que ainda irão acontecer, como os grãos que ainda vão descer.
Aos grãos que caem, o nosso presente
Aos grãos que acabaram de cair, nossas memorias recentes
Aos grãos soterrados, nosso passado que, agora são apenas lembranças
Mas quanta areia na parte superior! E em breve tudo se tornará recordação
E os grãos nunca irão parar de cair até que alcancem o fim.
A minha areia está na metade, metade da ampulheta já tem metade da minha areia. Mas me parece que toda areia que caiu, caiu como agora. Ou seja, o tempo voa. E somado a isso a teoria da percepção da velocidade do tempo que temos quando vamos ficando mais velhos. Uma linda menina de 6 meses de idade, por exemplo, acha que cada segundo é interminável. Pois a referência de tempo dela é de 6 meses. A cada dia que passa a sua referência de velocidade do tempo se altera, cada vez vai ser maior. Ou seja, de fato o tempo passa mais rápido pelo instrumento que o medimos, o tempo de vida.
Pois as viagens sempre me fizeram muito bem.

Os ponteiros não haviam se movido.

Não consigo olhar para os números, mas quando deixo a mente tranquila penso numa viagem, para algum lugar calmo. Com uma estrada só.
Pode ser que a próxima cidade seja muito boa de se conhecer. E quais não são? Por ali ficar, será fácil escolher. Descobrir pela manhã onde tomar um bom café e depois apenas olhar o resto.


E dali, mais uma estrada, e a próxima parada é distante e a noite cairá antes do destino. Já sei que não sei o que vou encontrar e aí lembro que não saber do que vem a frente tem uma grande importância com as horas ao volante e aqueles faróis que ofuscam os olhos.
Mas agora, que já passei por tantas outras paradas, posso voltar e desfrutar do tempo nas que mais me fascinaram. Sim, lógico, sempre poderei voltar. E agora, falta tão pouco para o próximo desconhecido destino, que prefiro esperar até lá para saber se devo voltar.

E assim a mente nos conforta, não é mesmo? E nesse momento fiz uma pergunta:
– “A Senhorita de pele bem clara e belas sardas, por favor, poderia me dizer que cidade é esta?”
E as palavras dela não foram ouvidas, até que: nada, nada foi dito. Isso deixa uma questão bem clara. Onde seria aquilo? Após agradecer olhei o relógio e percebi que os ponteiros não haviam se movido desde que esbarrei com a bela moça. Ao olhar novamente para o relógio… sim, os ponteiros haviam se movido, claro! Apenas uma percepção da duração do tempo decorrido durante este encontro.


Mas a ideia fixa permanente não tão cedo me deixará. Onde seria aquilo? E porque nada foi dito?

Mas há tanto caminho para se seguir que preferi ficar. Sim, não fui. Comecei na mesma semana a estudar a maneira como as pessoas se comunicavam por ali. Nada era dito. Mas muito se resolvia. Sei como a história termina, porque já percorri esse mesmo caminho. E foi tão longo que durou uma vida inteira, que ainda virá pela frente.

Ao sentar novamente ali, já havia me esquecido do que será realizado, mas sabia que o momento existia e isso, sim, importava.Me lembro da face da bela menina e de seu vestido e isso é sério.

Meu primeiro Post eu perdi.

Não é sacanagem. Eu tinha escrito um post maneiro falando sobre o que seria escrever esse blog. De que maneira, o que falaria  e estava bem escrito. Tratava da motivação, de como formo meu pensamento e como ele se forma em um monte de coisas. Fiquei meio puto de ter perdido. Inclusive quase desisti da idéia de escrever pois meu primeiro post eu perdi.