Amor em Roma

Admiro a sua beleza
Me enfeitiça
O cheiro me cativa
Raro compatível 

Riso imbatível 
O puro sexo ativa
Me atiça
A toda nossa certeza

Meus olhos na exata altura da fechadura.

A uma de minhas perguntas, a psicóloga respondeu: "Exponho minhas imagens. Visite. Tudo por lá, dirá muito sobre mim."

Em sua exposição haviam diversas amplas salas com centenas de imagens, algumas continham milhares de imagens.

Na entrada de cada sala, uma tela com apenas uma palavra pintada, letras pequenas em relação ao tamanho da tela, percebi que distintas proporções atraiam seu gosto, assim como atraiam o meu.

As palavras, em cada uma das telas (em algumas a tinta ainda escorria), faziam menção ao conteúdo ali exposto.

Não tive dúvida de que sala visitar, a que estava escrito: "Eu"

Mas a porta estava fechada, havia um pequeno banco, que se posicionado em frete a porta, colocaria meus olhos na exata altura da fechadura. Descobri como entrar: olhei pela fechadura. Nesse momento, visão e mente se expandiram e o tempo...passou. Acredito ter ficado por ali uns 3 ou 4 dias. Visitei diversos assuntos. Impossível descrever o que ví.

Me lembro que, durante o tempo que por ali estive, escutei uma voz: "Obrigada, era essa mesmo que gostaria que você visse."

Ali estava parte da resposta que a fiz. Achei fascinante essa maneira de querer que eu soubesse mais sobre ela.

Passei a admirar. Quero a conhecer, abrir seu diário através de seus lindos olhos.

Engraçado como, as vezes, nem são necessárias muitas palavras e nem tempo para despertar algo que nem sabemos o que é.

Bastam alguns encontros, olhares profundos, afinidades desconhecidas e de minha parte, admiração pelas formas e, depois da visita a exposição, ao conteúdo.

A Loucura é Lúcida

A loucura lúcida se caracteriza exatamente pela descaracterização do compromisso social, que é o elo sustentador dessa sociedade sem um propósito adequado às capacidades que temos de estarmos plenos, em todo e qualquer que seja o âmbito.

A humanidade não me representa

Esse ainda não será o fim da humanidade. Mas, sem dúvidas esse momento chegará, é apenas uma questão de tempo, ela já está extinta, isto se dará em algum momento no futuro, Stephen Hawkings era um dos defensores desta teoria que vai se tornando prática a cada dia que passa. 

A física quântica, indica que passado, presente e futuro ocorrem ao mesmo tempo.
Por tanto, esta idéia sobre fim, recomeços e momentos atuais, tudo está a ocorrer simultaneamente, colocando tudo em uma cesta de conteúdo atemporal, tudo se torna atemporal. E o infinito, já parou pra pensar sobre como tudo que não há por lá se comporta? 

Quanto ao que conhecemos como atual, percebo o Planeta Terra soberano no controle de quem o habita e não o contrário. A passagem da humanidade será uma cicatriz invisel na história da terra


E nós, como indivíduos, achamos que somos importantes em relação ao nosso todo, aquele todo próximo a nós. Que presunção sem cabimento. Vivam e testemunhem, em nosso último suspiro a mediocridade da capacidade humana em relação ao tempo do universo

Fica aqui um dos meus eternos mergulhos do pensamento sobre o que é a vida na terra frente o tamanho do nosso desconhecimento. 

Se percebes a amargura, isto que percebes é a constatação da presunção humana e sua mediocridade em relação ao todo.

E, faço questão de deixar claro e registrado que a humanidade não me representa, tento a entender, apenas.


A consciência no plano quântico

E se toda nossa consciência fosse armazenada não em um espaço físico amplo, mas no menor dos espaços concebíveis, em partículas subatômicas que se movimentam entre o visível e o insondável? Até agora, não sabemos ao certo onde ela reside ou como se origina. Talvez esteja lá, no nível quântico, em dimensões onde a ciência apenas começa a engatinhar e onde os olhos humanos ainda não podem alcançar.

No plano quântico, sabemos que a observação altera os eventos. Mas será que essa observação precisa ser consciente, ou basta o simples ato de interação para moldar os caminhos do universo? E se, de alguma forma, nossas vontades e aspirações direcionassem não a realidade objetiva, mas o modo como ela se revela para nós? Não seria a realidade, então, um reflexo do nosso olhar?

Há quem diga que vivemos em diferentes realidades. Não como metáfora, mas literalmente. Cada percepção cria um universo próprio, uma trama singular de significados. Essas realidades só se encontram quando olhares coincidem, quando consciências se conectam em um mesmo espaço-tempo. O que somos, afinal, quando ninguém nos observa? Quem nos torna reais, senão aqueles que nos veem?

Há algo de divino nessa multiplicidade. Assim como no Hinduísmo, onde uma única força se desdobra em formas incontáveis, cada um de nós cria, em seu íntimo, o reflexo do que considera sagrado. Cada consciência é um templo, cada observação, um ato de adoração. E juntos, mesmo distintos, somos parte de algo maior, um entrelaçamento de realidades que, por um breve instante, se torna uno.

Mas e quando estamos sozinhos, perdidos no silêncio de nossas mentes? Quando não há ninguém a nos definir com seus olhos? Talvez, nesse momento, sejamos livres para existir em todas as possibilidades, em todas as realidades, como partículas que dançam entre estados. E, paradoxalmente, talvez seja essa liberdade o nosso verdadeiro lar.

Assim, enquanto caminhamos nesse mundo quântico de incertezas, resta-nos a beleza de saber que a consciência — nossa e alheia — é o fio que costura o real. Não criamos o universo, mas o interpretamos, e, ao fazê-lo, deixamos nele as marcas do que somos e do que sonhamos ser.

A conquista do espaço em seus pensamentos.

Semeio minhas idéias no campo do conhecimento, este não é um processo rápido e nem fácil, mas por algum motivo o sei fazer naturalmente.

Não sei a medida de tempo que fará com que este campo esteja repleto de vida.

E tão pouco sei se, colherás e partilharás estes tais frutos.

Mas o que não tenho dúvidas, é que o campo estará, um dia, no exato ponto da colheita.

A Lenda de Sofia

Há alguns dias, quando andava por uma das praias, desta minha atual jornada, achei um cristal bruto. Estava nas ruínas do que parece ter sido um Farol construído num pequeno vilarejo.

Eu estava cansado, pela muito longa caminhada, o sol já estava a se por e, neste dia, comecei a caminhar minutos após ele ter nascido. Já era primavera, quase verão e os dias já estavam muito longos.
Acredito ter andando a uns 4 talvez 5 kilometros por hora. Se não tiver perdido as contas já me afastei uns 40km desde meu ponto de partida desta manhã. Se continuar a andar neste ritmo, darei a volta ao mundo em pouco menos de dois anos e meio.

Já estava na hora de parar, sentei em uma toalha. Prendi as quatro pontas com itens que trazia comigo: meu par de tênis, um livro de receitas e histórias e o Cristal que acabara de achar.

Coloquei coisas para comer na toalha e me alimentei. Foi a quarta refeição do dia, um hábito que, desde minha adolescência, mantenho a praticar: comer bem.

Ao estar saciado, me sentia bem e em algum momento, lembro da luz do sol, ela atravessava o cristal, se tornava colorida e vinha diretamente em direção aos meus olhos. Adormeci e sonhei:

"Estava exatamente onde se encontrava o Farol Hopper. O farol fora construído pelo esforço de um grupo de pessoas que deu nome a esta construção, era uma família, eram eles os Hopper.

Construído, não para seu comum propósito (sinalizar as embarcações a presença de terra e guiar navegantes) mas sim, para que sua luz fosse vista, todas as noites das janelas, de um castelo tão distante em meio ao Mar do Norte.

Em uma destas janelas, encontrava-se, em sua cela, a filha mais velha das irmãs Hopper, uma jovem aprisionada pelo simples fato de ser feliz em uma terra onde a felicidade era severamente punida.

Como sentença pelo crime de ser feliz, Sofia foi banida de sua terra natal e aprisionada numa das celas deste castelo. Sofia, esse era seu nome.

Após muitos anos de aprisionamento, S.Hopper se afastou tanto da realidade que em sua mente se tornou completamente livre, passou a viver num profundo estado meditativo e sua mente já não dependia mais do seu corpo.

Ela aprendeu a se comunicar com animais, interpretava os sinais da natureza, recebia notícias dos quatro cantos através dos sons dos mares, era capaz de prever o futuro e conhecer o passado apenas observando o céu e suas estrelas: e a isto, especificamente, dedicava a maior parte do tempo.
Em seu trigésimo quinto ano conseguiu mapear o universo, e foi exatamente num dos dias deste ano que sua mente se expandiu completamente.

Passou a se comunicar com uma inteligencia superior, se conectaram.

Após longo período de tempo, a estar em contato com este ser, foi lhe oferecida a oportunidade de ter sua consciência retirada dali e transportada para uma outra dimensão. Para um lugar onde tudo faria mais sentido. Seria a experiência mais completa de sua existência, foi o que ela sentiu portanto, aceitou.

Mas antes de partir deixou toda sua história registrada em forma de energia em um cristal."

Ao despertar, saquei meu lápis e meu bloco de desenhos, reproduzi exatamente o Farol com que sonhei. Meus sonhos, desde que me lembro deles, desde muito novo, sempre foram surreais e disso eu gosto.